sexta-feira, 10 de agosto de 2007

Circuitos: Hockenheim

O circuito de Hockenheim foi construído em 1939 pela Mercedes para testar os seus carros antes de os inscrever no Grande Prémio de Trípoli. E o resultado foi impressionante: um traçado muito rápido que corria pelos densos bosques junto do rio Reno.

Originalmente media 7724 metros de comprimento e o seu traçado consistia basicamente em duas longas rectas onduladas que terminavam numa curva espectacular. No entanto, o seu desenvolvimento como circuito foi interrompido mesmo antes da inauguração.


Primeiro, devido à Segunda Guerra Mundial e, posteriormente, porque durante o pós-guerra Nurburgring foi palco de todas as competições importantes que se disputaram na República Federal da Alemanha (RFA), quer de motas quer de carros.

O espectacular boom económico registado pela Alemanha Ocidental no fim da década de 1950 traduziu-se em maiores despesas públicas em infra-estruturas. Foi precisamente a construção de uma nova estrada que provocou a penúltima grande remodelação de Hockenheim. Para poder cortar parte do traçado, o Governo alemão compensou a cidade, proprietária da pista, com uma grande indemnização. O referido dinheiro foi reinvestido escrupulosamente pelas autoridades locais para redefinir as suas características.O encarregado de desenhar o novo Hockenheim foi John Hugenholz, que definiu o seu comprimento em um pouco menos de sete quilómetros, e construiu um dos seus pontos mais emblemáticos, a zona do ESTÁDIO.

O novo circuito tornava-se assim, juntamente com Monza, num dos traçados mais rápidos do calendário.Hockenheim era um traçado em que se podia "andar a fundo" durante quase cerca de 20 segundos. Porém, para muitos era apenas um traçado de pura aceleração, ou seja, só os monolugares com mais cavalos poderiam ter hipóteses de batalhar nas intermináveis rectas. Em parte por isso e em parte por necessitar de uma "nova cara", em 2001 a sua extensão foi reduzida uma vez mais, passando a medir apenas 4574 metros, quase menos um terço do seu comprimento inicial.

As reformas realizadas - que rondaram os 54 milhões de euros - afectaram de uma maneira especial a zona do bosque, concretamente as curvas Jim Clak, Ost e Ayrton Senna. No seu lugar instalou-se a parabólica, que liga a primeira recta do circuito - cortada ao meio - à terceira, e a combinação de curvas denominada Spitzkehre.

Esta nova zona foi aproveitada para ampliar a lotação para as 40000 pessoas, com a construção de uma nova bancada de 6000 lugares. No princípio as suas melhorias foram vistas com algum receio, já que convertiam Hockenheim em mais um circuito moderno: muito cimento e pouco carácter.Contudo, a verdade é que com esta revisão Hockenheim ganhou em capacidade - 120000 espectadores - e em atracção.

Até à sua recente remodelação, Hockenheim era um circuito complicado, não tanto pelo seu traçado especial nem pelo seu comprimento, mas pelas condições do piso, que podiam variar muito em caso de chuva - que o diga Rubens Barrichello - que saiu vitorioso do "charco" de 2000, foi de resto a sua primeira vitória em toda a carreira na Fórmula 1 -. Tal como Spa-Francorchamps ou Nurburgring, parte do antigo asfalto passava por entre bosques e por isso, em caso de chuva, a parte da pista que atravessava o bosque levava muito tempo a secar e podia provocar alterações espectaculares nas classificações finais. Daí que a escolha dos pneus fosse vital para alcançar a vitória nesse traçado. Contudo apesar das suas longas rectas, Hockenheim não nos costumava oferecer grandes corridas.

A sua inclusão no Mundial de Velocidade ocorreu pela primeira vez em 1957 e foi para receber o Grande Prémio da Alemanha Ocidental. Desde então até 1989 alterou com Nurburgring - à imagem do que parece vir a suceder actualmente com a Fórmula 1 -, o seu eterno rival, como sede de corridas em solo germânico.O seu traçado mais veloz foi visitado pelos Fórmula 1 de forma consecutiva de 1986 a 2001.

De 2002 a 2006 a corrida foi disputada em Hockenheim, mas já sem as suas longas e velozes rectas.

Hockenheim não perfilou no Campeonato do Mundo de Fórmula 1 de 2007, mas espera-se que regresse já em 2008!

Visto ser um circuito especial para Rubens Barrichello, coloco-vos aqui os metros finais da sua primeira vitória!

2 comentários:

Anónimo disse...

Olha a coincidência...vc postou um vídeo sobre a vitória do Rubens em 2000. Estou terminando um post sobre a miniatura desta vitória para hoje ou amanhã.

Abraços

Blog F1 Grand Prix disse...

Belo texto. O projetista da pista John Hugenholtz, projetou também várias outras pistas da Fórmula 1 como Jarama (de quem você já falou falou), Suzuka e Nivelles.

O vídeo da vitória de Rubinho é um dos mais emocionantes da história da Fórmula 1, na minha opinião. Foi, para mim, a melhor corrida do Barrichello até hoje.

Grande abraço!